Kafka

“Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em duros segmentos arqueados, sobre o qual a colcha dificilmente mantinha a posição e estava a ponto de escorregar. Comparadas com o resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram miseravelmente finas, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos.

Que me aconteceu? – pensou. Não era nenhum sonho. O quarto, um vulgar quarto humano, apenas bastante acanhado, ali estava, como de costume, entre as quatro paredes que lhe eram familiares. Por cima da mesa, onde estava deitado, desembrulhada e em completa desordem, uma série de amostras de roupas. Samsa era caixeiro-viajante, estava pendurada a fotografia que recentemente recortara de uma revista ilustrada e colocara numa bonita moldura dourada. Mostrava uma senhora, de chapéu e estola de peles, rigidamente sentada, a estender ao espectador um enorme regalo de peles, onde o antebraço sumia!

Gregório desviou então a vista para a janela e deu com o céu nublado – ouviam-se os pingos de chuva a baterem na calha da janela e isso o fez sentir-se bastante melancólico. Não seria melhor dormir um pouco e esquecer todo este delírio? – cogitou. Mas era impossível, estava habituado a dormir para o lado direito e, na presente situação, não podia virar-se.”


Esses dias

Os últimos dias têm sido peculiares. Fui chamado pra tocar num evento bem bacana, comecei a gostar de TF2 finalmente, fui um NINJA e depois fui um calhorda, decidi fazer cirurgia pra correção da minha miopia, descobri que sou um saiyajin, meu cursinho foi adiado e hoje pego meu carro de volta. E ainda é só quarta feira. Tinha outras coisas, mas esqueci. Não vou falar que fiquei feliz porque uma amiga voltou de viagem, isso seria muito mimimi.

Nessa semana também comecei a baixar um programa chamado “Bully Beatdown”. Eu vi um comercial dele na TV (no VH1, se não me engano, apesar de o programa ser produzido pela MTV), e a premissa é bem simples: lembra daqueles caras que te perseguiam e te batiam no colégio? Pois é, a equipe do programa ACHA ELES e os coloca num ringue com um lutador profissional de MMA. O desafio vale $ 10.000, mas em três temporadas apenas dois bullys conseguiram ganhar a luta (eu disse “apenas” mas na verdade acho muito, queria que todos os bullys tivessem sido massacrados no ringue).

Eu confesso que tive meus momentos de bully na escola mas acho que, na cadeia alimentar escolar, eu tava mais pro fundo do que pro topo. Então eu posso rir dos bullys apanhando sem me sentir mal.


Google maldito

CTRL V!!!

Eu sei que dá na mesma, mas dá raiva.


Jogos que ninguém jogou (mas eu joguei) – Parte 2

Deu um pouco de preguiça de escrever outra “review” que ninguém vai ler, de um jogo que ninguém vai jogar. Então hoje serei breve.

O segundo jogo que infelizmente poucas pessoas conhecem é Jagged Alliance 2. Ao contrário da grande maioria dos rpg’s, que exploram temas medievais e/ou fantasiosos, JA2 é um rpg tático com temas contemporâneos, baseado principalmente nos conflitos armados e guerras civis comuns em países subdesenvolvidos. O ambiente escolhido foi a ilha fictícia de Arulco, onde reina a ditadura militar e você é contratado pelo ex-presidente Enrico Chivaldori e o líder local dos rebeldes (cujo nome é Miguel mas todo mundo chama de “Migüel”, jogo russo é foda) para por fim à tirania.

Sendo um rpg tático, o sistema de combate baseia-se em turnos nos quais o jogador dispõe de “action points” para se mover e realizar as mais variadas ações. Fora de combate o jogo transcorre em tempo real, em que é possível movimentar os personagens livremente. Assim que o primeiro tiro ou ataque é realizado, inicia-se o modo de turnos. O sistema é bastante similar ao de Fallout 1 e 2.

Uma coisa importante: em Jagged Alliance um tiro É UM TIRO MESMO. Isso pode parecer óbvio mas esse não é o tipo de jogo em que um tiro de espingarda na cara é refresco. Assim como um tiro é um tiro, morte é morte e alguns mercenários até choram quando um de seus colegas morre – porque não tem volta.

Logo no começo JA2 permite que o jogador crie seu próprio mercenário, que servirá de personagem principal. É até legal porque o método de criação é responder a um questionário, e o jogo analisa suas respostas e atribui os pontos nas habilidades que mais se enquadram no seu perfil. A partir daí é possível acessar a “internet” e visualizar empresas que disponibilizam mercenários pelos mais variados preços. E assim monta-se a primeira equipe de 6 personagens. É permitido ter controle sobre até 18 mercenários, divididos em três ou mais equipes que podem ser utilizadas em conjunto ou separadamente para realizar as missões do mapa.

Além dos mercenários “pagos” é possível também recrutar determinados npc’s de Arulco para lhe auxiliar – apesar de a maioria não ter treinamento profissional e acabar servindo como alvo ambulante. Na tela de mapa o jogador pode planejar as ações das suas equipes de mercenários e treinar cidadãos locais para defender as cidades conquistadas. Durante as batalhas estes cidadãos se unem à sua equipe e auxiliam no combate às forças militares de Arulco. O foco é liberar o território de Arulco das forças tirânicas que o dominam, e para isso é necessário conquistar cidades e obter controle sobre minas, que por sua vez geram recursos para comprar armas melhores e contratar mercenários mais habilidosos.

O mais legal de tudo é que todos os mercenários têm diálogos ricos e personalidades diferentes – e muitas vezes conflitantes. Se você contratar dois mercenários que não se dão bem, eles vão discutir. Se você persistir em deixá-los na mesma equipe, pode ser que uma discussão entre eles comece uma briga e por aí vai. Acontecem casos de romance também, as relações entre os npc’s foram muitíssimo bem trabalhadas e ocupam posição de destaque no conceito de JA2. Há até mesmo um sistema de “moral” bastante perceptível, que afeta não só as habilidades dos npc’s mas também seu comportamento.

Existe uma miríade de itens a serem coletados no jogo, e as armas utilizadas são bastante fiéis às do mundo real (sendo possível modificá-las, inclusive, instalando por exemplo miras telescópicas ou silenciadores). Conforme o jogador progride e os mercenários sobem de nível, é possível utilizar armas cada vez mais potentes e com maior precisão. O sistema de níveis é bacana pois premia a persistência (ou você esperava mesmo aumentar sua habilidade com rifles enquanto mata inimigos usando um estilingue?). Desta forma é possível desenvolver as habilidades mais úteis de acordo com seu uso – esse sistema não é novo e nem exlusivo de JA2, mas encaixa-se como uma luva à proposta do jogo.

Outro aspecto interessante é que os ambientes são dinâmicos, ou seja, ações do jogador podem modificá-lo drasticamente (resumindo, explodir paredes é MUITO LEGAL!).

Jagged Alliance tem uma base de fãs bastante fiel que trabalha incessantemente no lançamentos de patches e mods sensacionais. Oficialmente há duas expansões, Jagged Alliance: Unfinished Business (um standalone que traz uma campanha curta, mas legal) e Jagged Alliance: Wildfire (que é mais uma espécie de “overhaul” na campanha de JA2, trazendo novos itens, npc’s e missões). Para quem curte rpg’s táticos, Jagged Alliance 2 definitivamente merece atenção pois é uma obra prima do gênero. Os jogos da série estão disponíveis no GOG.com.

Está sendo desenvolvido um remake de Jagged Alliance 2, mas pelo que já andei lendo vai ser um lixo pois abandona completamente o sistema tático do jogo original. Ou seja, provavelmente vai vender milhões de cópias e ser um sucesso absoluto entre os gamers de hoje.

Ah, quando eu disse que seria breve… EU MENTI!


Nunca mais

Tive uma overdose de cheddar e senti vontade de explodir na cara de alguém, só de curtição.

Mas foi ótimo.


Jogos que ninguém jogou (mas eu joguei)

Eu tenho um problema com jogos “da moda”. Durante muito tempo eu achava que esse problema tava relacionado com o fato de eu não ter nenhum videogame e de meu PC não rodar 99% dos jogos atuais. Só que aí eu comprei um PS3 e um PC fodão e vi que esse problema na verdade se deve a dois fatores: 1, eu sou chato; 2, eu gosto de estilos de jogos que estão “fora de moda” há muito tempo.

Eu basicamente gosto de RPG’s e Estratégias de Turno. Claro que eu curto outros jogos também, até uns FPS de vez em quando (mesmo a contragosto), mas esses dois estilos são meus preferidos. Tem algo sobre a possibilidade de planejamento e personalização, a evolução dos personagens e as tramas destes jogos que simplesmente me “fisga” de uma maneira diferente.

Sendo assim, resolvi postar aqui alguns jogos que fizeram parte da minha vida, mas que ninguém jogou (ou sequer conheceu). Acho que a maioria nem faz parte do meu TOP10, mas são ótimos jogos mesmo assim.

Capa

Esse jogo é, em síntese, uma mistura de Civilization com Heroes of Might and Magic. Segue o estilo de estratégia de turno e administração de cidades do primeiro (4X), mas com a possibilidade de se contratar heróis como no segundo. O jogo é bacana pois combina dois games diferentes de forma única, e acaba por criar uma jogabilidade espetacular por si só.

Master of CivilizationFãs de Civilization logo identificarão a maneira como se administra as cidades em Master of Magic, sendo necessário construir estruturas que aumentam tanto a produtividade quando a capacidade bélica de seu reino.

Master of Might and Magic

Fãs de Heroes of Might and Magic, por outro lado, gostarão de ver seus heróis comandando exércitos e progredindo conforme vencem batalhas – inclusive adquirindo artefatos que dão habilidades especiais. O jogo possui até mesmo um sistema de “crafting” no qual é possível criar itens mágicos para equipar seus heróis.

Merlin é pop

Além disso, o próprio player (que encarna um Mago, líder de sua nação) evolui e se torna progressivamente mais forte. Antes de começar, é possível escolher Magos prontos ou personalizar o seu próprio avatar e suas habilidades.

Arcanus (semelhante à Terra) e Myrror
O jogo todo transcorre em turnos, tanto dentro como fora de combate. Durante seu turno, o player explora o mundo (composto por dois planos, Arcanus e Myrror – uma espécie de realidade paralela) e descobre recursos naturais ou mágicos que devem ser explorados para se tornar um mago mais poderoso. Ao encontrar outros Magos e seus exércitos, é possível iniciar batalhas que dependerão tanto da força física de suas tropas quanto das habilidades mágicas do jogador.

Corrão! Shadow Demons!
As batalhas são bem desafiadoras pois permitem (e exigem) que cada passo e cada ação sejam calculados para obter sucesso. Isso quer dizer que nem sempre o exército mais forte vencerá.

Há também várias raças para se escolher, cada uma com suas vantagens e desvantagens que acabam por determinar como o player deverá buscar a vitória. Como era comum neste gênero na época, o jogo não possui uma “campanha oficial” (que eu me lembre). É um jogo em que os cenários são criados aleatoriamente, e cada “partida” dura bastante tempo.

Existe uma “continuação espiritual” chamada Age of Wonders, também muito interessante e que chegou até a ter uma continuação – e ninguém jogou ambos também, apesar de serem ótimos games. O jogo que deu origem a tudo, porém, ainda é insuperável.

E é isso aí. Eu ia falar de mais QUATRO jogos nesse mesmo post. Fica pros próximos dias.


Falando sobre Xbox360…

Pois é, de repente o assunto começou a me perseguir. Recebi hoje no meu e-mail a seguinte “oferta” do Ponto Frio:

oferta irrecusável ponto frio

Eu nem fiquei puto pelo fato de o mesmo console custar $250,00 nos EUA. Nem porque 1.599,00 equivale a TRÊS SALÁRIOS MÍNIMOS. Olha, eu nem gosto muito do Xbox360. O que me deixou puto foi o “APENAS”. “APENAS” R$ 1.599,00???

apenas

Eu sou contra pirataria (nunca gostei muito de tapa-olhos e odeio Piratas do Caribe), mas esse padrão brasileiro de sempre levar na bunda também é um pouco chato.

Mas acho que é isso aí mesmo, isso que dá gostar de brincar com “máquinas de jogos de azar”. Tenho um amigo que tem um verdadeiro Cassino em casa.