Jogos que ninguém jogou (mas eu joguei) – Parte 2

Deu um pouco de preguiça de escrever outra “review” que ninguém vai ler, de um jogo que ninguém vai jogar. Então hoje serei breve.

O segundo jogo que infelizmente poucas pessoas conhecem é Jagged Alliance 2. Ao contrário da grande maioria dos rpg’s, que exploram temas medievais e/ou fantasiosos, JA2 é um rpg tático com temas contemporâneos, baseado principalmente nos conflitos armados e guerras civis comuns em países subdesenvolvidos. O ambiente escolhido foi a ilha fictícia de Arulco, onde reina a ditadura militar e você é contratado pelo ex-presidente Enrico Chivaldori e o líder local dos rebeldes (cujo nome é Miguel mas todo mundo chama de “Migüel”, jogo russo é foda) para por fim à tirania.

Sendo um rpg tático, o sistema de combate baseia-se em turnos nos quais o jogador dispõe de “action points” para se mover e realizar as mais variadas ações. Fora de combate o jogo transcorre em tempo real, em que é possível movimentar os personagens livremente. Assim que o primeiro tiro ou ataque é realizado, inicia-se o modo de turnos. O sistema é bastante similar ao de Fallout 1 e 2.

Uma coisa importante: em Jagged Alliance um tiro É UM TIRO MESMO. Isso pode parecer óbvio mas esse não é o tipo de jogo em que um tiro de espingarda na cara é refresco. Assim como um tiro é um tiro, morte é morte e alguns mercenários até choram quando um de seus colegas morre – porque não tem volta.

Logo no começo JA2 permite que o jogador crie seu próprio mercenário, que servirá de personagem principal. É até legal porque o método de criação é responder a um questionário, e o jogo analisa suas respostas e atribui os pontos nas habilidades que mais se enquadram no seu perfil. A partir daí é possível acessar a “internet” e visualizar empresas que disponibilizam mercenários pelos mais variados preços. E assim monta-se a primeira equipe de 6 personagens. É permitido ter controle sobre até 18 mercenários, divididos em três ou mais equipes que podem ser utilizadas em conjunto ou separadamente para realizar as missões do mapa.

Além dos mercenários “pagos” é possível também recrutar determinados npc’s de Arulco para lhe auxiliar – apesar de a maioria não ter treinamento profissional e acabar servindo como alvo ambulante. Na tela de mapa o jogador pode planejar as ações das suas equipes de mercenários e treinar cidadãos locais para defender as cidades conquistadas. Durante as batalhas estes cidadãos se unem à sua equipe e auxiliam no combate às forças militares de Arulco. O foco é liberar o território de Arulco das forças tirânicas que o dominam, e para isso é necessário conquistar cidades e obter controle sobre minas, que por sua vez geram recursos para comprar armas melhores e contratar mercenários mais habilidosos.

O mais legal de tudo é que todos os mercenários têm diálogos ricos e personalidades diferentes – e muitas vezes conflitantes. Se você contratar dois mercenários que não se dão bem, eles vão discutir. Se você persistir em deixá-los na mesma equipe, pode ser que uma discussão entre eles comece uma briga e por aí vai. Acontecem casos de romance também, as relações entre os npc’s foram muitíssimo bem trabalhadas e ocupam posição de destaque no conceito de JA2. Há até mesmo um sistema de “moral” bastante perceptível, que afeta não só as habilidades dos npc’s mas também seu comportamento.

Existe uma miríade de itens a serem coletados no jogo, e as armas utilizadas são bastante fiéis às do mundo real (sendo possível modificá-las, inclusive, instalando por exemplo miras telescópicas ou silenciadores). Conforme o jogador progride e os mercenários sobem de nível, é possível utilizar armas cada vez mais potentes e com maior precisão. O sistema de níveis é bacana pois premia a persistência (ou você esperava mesmo aumentar sua habilidade com rifles enquanto mata inimigos usando um estilingue?). Desta forma é possível desenvolver as habilidades mais úteis de acordo com seu uso – esse sistema não é novo e nem exlusivo de JA2, mas encaixa-se como uma luva à proposta do jogo.

Outro aspecto interessante é que os ambientes são dinâmicos, ou seja, ações do jogador podem modificá-lo drasticamente (resumindo, explodir paredes é MUITO LEGAL!).

Jagged Alliance tem uma base de fãs bastante fiel que trabalha incessantemente no lançamentos de patches e mods sensacionais. Oficialmente há duas expansões, Jagged Alliance: Unfinished Business (um standalone que traz uma campanha curta, mas legal) e Jagged Alliance: Wildfire (que é mais uma espécie de “overhaul” na campanha de JA2, trazendo novos itens, npc’s e missões). Para quem curte rpg’s táticos, Jagged Alliance 2 definitivamente merece atenção pois é uma obra prima do gênero. Os jogos da série estão disponíveis no GOG.com.

Está sendo desenvolvido um remake de Jagged Alliance 2, mas pelo que já andei lendo vai ser um lixo pois abandona completamente o sistema tático do jogo original. Ou seja, provavelmente vai vender milhões de cópias e ser um sucesso absoluto entre os gamers de hoje.

Ah, quando eu disse que seria breve… EU MENTI!


6 Comentários on “Jogos que ninguém jogou (mas eu joguei) – Parte 2”

  1. nomnomnoom disse:

    “EU MENTI!”

  2. Fulvio disse:

    esse jogo eh o melhor de todos!!! existem algum jogo hoje nesse tipo ??
    se for possivel para IOS… eu vi um meia boca meio parecido que eh o the walking dead pro IOS.

    • Pedro disse:

      Olá, Fúlvio! Que eu saiba não tem nenhum jogo exatamente como Jagged Alliance 2. Existem outros, porém, similares. Recentemente foram lançadas continuações para Jagged Alliance, mas que não agradaram muito. Há também outros jogos mais focados no aspecto de RPG, como Wasteland 2.

      Outro jogo similar a Jagged Alliance 2, lançado uns anos atrás, se chama Silent Storm. É bem interessante mas é um pouco difícil de achar para baixar.

    • Pedro disse:

      Ah, não sei como esqueci mas uma indicação excelente que tenho para você é XCOM: Enemy Unknown (e suas continuações). O tema do jogo é outro, mas a jogabilidade tática se aproxima muito do estilo de JA2!

      • Fulvio disse:

        Muito obrigado Pedro … qual seria o estilo desses jogos … pois sao RPG mas mas eles tem a contagem de acoes.. como que se enquadram esses jogos ?


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